A redução de perdas em supermercados é uma questão estratégica vital. Os resultados obtidos por uma rede de supermercados estão diretamente ligados à visão estratégica e à abordagem adotada pelo varejista para lidar com a questão das perdas em sua empresa. Quem nunca demonstrou desconfiança ao ouvir menções a programas de prevenção de perdas que atire a primeira pedra! O tema é complexo, multidisciplinar e envolve uma série de paradigmas arraigados, tornando desafiadora a tomada de decisão por parte dos empresários varejistas diante de um problema tão significativo, especialmente nos supermercados.
Dada a complexidade que envolve fatores humanos, processos e informações, muitos encaram o desafio das perdas como uma barreira praticamente intransponível, optando por simplesmente desistir. No entanto, é chegada a hora de adotar uma abordagem distinta. “A redução das perdas precisa estar na AGENDA ESTRATÉGICA da organização e assim receber a devida atenção do dono da empresa”, destaca Alexandre Ribeiro, CEO da R-Dias. Afinal, encarar as perdas como uma questão estratégica não apenas pode evitar prejuízos financeiros, mas também promover uma cultura organizacional mais eficiente e sustentável.
Sem uma abordagem estratégica e o apoio genuíno da liderança, muitas iniciativas cruciais da equipe correm o risco de perder o impulso necessário, deixando os colaboradores desanimados e desmotivados. “É comum encontrar gerentes ou equipes responsáveis pela prevenção de perdas e pela operação da loja que têm uma compreensão clara do problema, porém, enfrentam dificuldades em obter o respaldo verdadeiro da liderança, já que o assunto não é considerado uma prioridade”, destaca Ribeiro. Ele observa que é frequente os empresários tratarem as perdas como algo inevitável, mesmo quando os índices atingem 2%, 2,5% e, em muitos casos, ultrapassam 3% das perdas totais. Diante desse cenário, torna-se desafiador determinar por onde iniciar a abordagem efetiva do problema.
Competitividade em prova o tempo todo
Em um ambiente empresarial altamente competitivo, a necessidade de se destacar é uma constante. A competição feroz pressiona as empresas a buscarem constantemente maneiras de aumentar sua eficiência e melhorar seus resultados. É evidente que, em um cenário onde a concorrência é acirrada, aqueles que não conseguirem aprimorar sua eficiência enfrentarão sérias dificuldades para se manterem relevantes no mercado.
Nesse contexto, a redução das perdas emerge como uma estratégia crucial para garantir a sustentabilidade do negócio e o sucesso empresarial a longo prazo. É fundamental que os empresários reconheçam a importância de priorizar a redução das perdas. Afinal, a redução das perdas resulta em aumento direto na rentabilidade da empresa.
“O varejista deve compreender que a redução de perdas é fundamental para aumentar sua competitividade no mercado. Em muitas ocasiões, enfrentar um novo concorrente pode resultar em margens de lucro temporariamente reduzidas. No entanto, se a empresa não estiver gerando um lucro líquido significativo, corre o risco de operar no vermelho com essa estratégia. É neste ponto que a redução de perdas se revela crucial. Além de contribuir para melhorar os resultados financeiros finais, ela cria uma margem de segurança que permite enfrentar a concorrência sem correr o risco de prejuízo”, ressalta o especialista.
Conforme mencionado por Alexandre, é frequente deparar-se com empresas que adotam preços mais elevados do que os praticados pela concorrência devido à necessidade de aumentar as margens para compensar perdas que excedem os níveis aceitáveis. Isso geralmente acontece quando a empresa não é eficiente e tenta resolver o problema apenas com estratégias comerciais. Essa abordagem é um erro que pode ter consequências fatais.
Para completar, não é raro encontrar supermercadistas que consideram a prevenção de perdas como uma despesa. “O empresário que adota essa perspectiva muitas vezes pode até estar correto. Não que sua abordagem seja a ideal, mas é possível que ele não perceba o retorno do investimento realizado em prevenção e, consequentemente, o classifique como uma despesa fixa mensal. Ele não enxerga os resultados porque, provavelmente, ainda não encontrou a maneira adequada de REDUZIR AS PERDAS”, avalia Ribeiro.
É necessário desenvolver abordagens que gerem resultado para que faça sentido o investimento, não só de recursos financeiros, mas também de tempo e outros esforços da organização. No entanto, é necessário que fique claro: se os donos ou aqueles das mais altas posições da gestão não considerarem a redução das perdas um assunto estratégico e, consequentemente, apoiarem as iniciativas necessárias, provavelmente a empresa não alcançará patamares em torno 1,8% de perdas. Tampouco números desejáveis ainda menores que só as campeãs de performance conquistam.